Por Judit Gomes
Na primeira semana de março de 2020, milhares de estudantes retornaram à rotina de aulas na UFPR, outras/os iniciavam seus estudos na graduação de uma das mais conceituadas universidades do país. No período de 2 a 6 de março foi realizada a “Semana da/o Caloura/o” e a equipe de profissionais da SIPAD participou da programação dos cursos, em vários campi, apresentando as atribuições de suas Unidades. Concomitantemente, a UFPR preparou uma extensa programação, para o mês todo, em homenagem às mulheres: “Março das Mulheres UFPR: Visibilidade e Resistência”. As atividades estavam planejadas nos campis de Curitiba, do Litoral e em Palotina.
Tudo acontecia dentro do planejamento burocrático institucional daquela primeira semana. Nada no horizonte parecia demonstrar o imponderável que nos envolveria em situações de distanciamento social, de isolamento, de quarentena e de trabalho remoto – entre outras situações mais drásticas. A UFPR, junto às inúmeras universidades do país, suspendeu rapidamente suas atividades. A legitimidade desse ato transbordou e outras instancias estatais seguiram as orientações assentadas em conhecimentos científicos.
Na semana de calouras e calouros, um dos cursos surpreendeu pela abordagem dada às atividades do Março das Mulheres UFPR. No departamento de Química, no primeiro lance da escada que dá acesso as salas de aulas e as unidades administrativas do piso superior, foi montada uma exposição de muita sensibilidade.
Com recortes de mulheres negras que são referências em muitas áreas, a exposição apresentava suas biografias em forma cordel, de autoria da escritora Jarid Arraes. A exposição foi expressão e ressonância do sólido trabalho de professoras/es vinculados ao NEAB/SIPAD no campus das Ciências Exatas e Tecnológicas. A divulgação desse registro fotográfico, no último dia do mês de março, constitui-se como um dispositivo de esperança na potência do conhecimento, na potencialidade da simetria das relações entre pessoas e na visibilidade dos múltiplos conhecimentos de mulheres negras.
📸Judit Gomes
Edição e arte: Bea Vieira