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Da Periferia para a Alemanha 

Judit Silva     29 de novembro de 2024 - 8h56

– Aluna Bolsista da SIPAD ganha prêmio internacional de fotografia.  

Por Luana Matos 

Beatriz Vieira de Oliveira, como muitos outros estudantes de universidades federais, vem de uma família humilde. Nascida em Minas Gerais, ela morou no Rio de Janeiro por um tempo até encontrar seu lar em São Paulo, mais especificamente em Perus, na região periférica da cidade. 

Graduada em Artes Visuais em agosto de 2024, Beatriz escolheu como tema de seu TCC a periferia, um ambiente com o qual esteve inserida durante sua vida. Em uma conversa com uma professora, Lahayda Dreger, ela percebeu que a periferia não se restringe às margens de uma capital e à questão geográfica. Ela compreendeu que as ocupações presentes nos centros geográficos das cidades são também espaços para aqueles que vêm das margens das capitais e concentram a periferia também no centro. 

Ela escolheu então como objeto de pesquisa a Casa do Estudante Universitário de Curitiba (CEUC). A relação dos estudantes com a migração de seus locais de origem para esse espaço cedido pela universidade, foi o ponto inicial de questionamento de sua pesquisa, mas a questão levantada anteriormente pela professora, fez com que a aluna, olhasse também para os perfis das colegas que dividiram a moradia com ela. A casa abriga mulheres cis e trans, de origem pobre, e tem a cada ano aumentado a presença de mulheres pretas e pardas em seu interior. A partir de 2023, a casa também passou a acolher homens trans, ou seja, grupos sociais que se encontravam distantes de incentivos públicos que os colocassem em uma posição igualitária como comunidade. E foi olhando para essas colegas de quarto que Beatriz resolve então contar suas histórias pelas lentes de suas câmeras. 

O projeto, intitulado “Quando o íntimo é comum”, foi desenvolvido na disciplina de Projetos Avançados em Fotografia, do professor Felipe Prando, no 7º período da graduação em Artes Visuais. Embora concluído e guardado em seu portfólio, o trabalho ganhou visibilidade apenas no ano seguinte, em 2024, quando uma amiga a informou sobre o Prêmio Transatlântico de Fotografia, criado pelo Club Transatlântico. Mesmo sem muita confiança de que seu ensaio pudesse ser premiado, Beatriz decidiu submeter o trabalho ao Prêmio Transatlântico de Fotografia, que neste ano fala sobre Migração, assunto próximo a tudo aquilo que ela debruçava em sua pesquisa. 

Pouco tempo depois veio a surpresa: premiada e indicada por votação interna. Ela ganhou uma viagem para a Alemanha, onde apresentará sua fotografia ao mundo. Quando perguntada sobre como se sente em relação à viagem, Beatriz respondeu que sempre sonhou em visitar outros países, mas achava que esse sonho estava distante. Ela não fala alemão nem inglês e agora se prepara para as questões burocráticas do embarque, e por coincidência ou destino, chega na Alemanha no dia de seu aniversário, 8 de dezembro. 

“Esse trabalho sobre a CEUC representa o lugar que me acolheu. Infelizmente, a universidade ainda hoje negligencia a manutenção e as condições da casa. Poder trazer esse tema para um espaço de maior visibilidade, através da arte, é muito gratificante” comenta Beatriz. 

Bia viajará para a Alemanha acompanhada de outro fotógrafo, cujo projeto aborda a migração nordestina. O Prêmio Transatlântico de Fotografia é anual e conta com a curadoria de Caio Reisewitz, que aprovou e realizou comentários sobre os projetos dos ganhadores. Beatriz reforça que receber esse tipo de visibilidade de seus trabalhos é muito importante. Ela comenta que esse reconhecimento do que produzem, tanto como alunos quanto como artistas, é o que também os motiva a continuar criando. 

Bia iniciou sua relação com a fotografia no segundo ano do ensino médio, desenvolvendo suas técnicas inicialmente com fotografia analógica, usando uma câmera Yashica. Cursou então um técnico em design gráfico e, depois, ingressou em 2019 em Artes Visuais na UFPR. E, desde 2019, Beatriz atuou no Núcleo de Comunicação da SIPAD (NuCA) como bolsista. Ela enfatizou a importância de sua inserção na SIPAD, pois além da participação em vários projetos, como no Documentário Pela Porta da Frente: a aprovação de Políticas Afirmativas na UFPR,  foi com a câmera emprestada pelo NuCA que realizou as fotografias do ensaio.  

Ela também conta que nas etapas finais do prêmio, foi questionada sobre as maiores dificuldades na realização do projeto. E em resposta, disse que uma das maiores dificuldades de alunos de cursos em universidades públicas é o acesso a materiais, e que na falta de equipamento próprio, ela e diversos outros alunos se obrigam a buscar empréstimos e a serem ainda mais atentos aos prazos de entrega dos trabalhos realizados. 

Hoje em dia, Beatriz possui seus próprios equipamentos e trabalha com outras produções artísticas, voltadas para as artes gráficas.  

O Prêmio Transatlântico de Fotografia abre novamente inscrições no ano que vem, trazendo um novo tema. Para se inscrever o aluno deve estar atento a alguns critérios na inscrição, como limite de renda de 1,5 salário mínimo por pessoa e idade entre 18 e 42 anos. Para saber maiores informações sobre o Prêmio basta clicar aqui.  

Entrevista realizada por Luana Matos – Estudante de Comunicação Social UFPR. 

As inscrições para o XXIV Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná encerram-se no dia 3 de outubro de 2024

Judit Silva     30 de setembro de 2024 - 14h52

Por Jéssica Blaine –  estudante de jornalismo e bolsista no NuCA/SIPAD

Na última sexta-feira (27), as inscrições manuais para o XXIV Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná foram concluídas. No decorrer de um mês, o Núcleo Universitário de Educação Indígena (NUEI) esteve presente nas 4 aldeias de Curitiba e Região Metropolitana para a realização das inscrições manuais. As inscrições foram feitas na Aldeia Território Sagrado Floresta Indígena Estadual Metropolitana de Piraquara; Aldeia Araçaí; Aldeia Kógunh Jã Mã (antigo Parque Histórico do Mate) e Aldeia Kakaneporã.

A fase de inscrições do Vestibular Indígena é dividida entre online e manual com o objetivo de ampliar o acesso para pessoas de comunidades tradicionais indígenas. As inscrições online encerram-se em 3 de outubro.

Através do Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná, são ofertadas anualmente para além dos processos seletivos regulares, e de forma exclusiva aos integrantes indígenas das comunidades tradicionais do estado, 6 vagas suplementares nos cursos de graduação das Universidades Estaduais do Paraná. No caso dos cursos de graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), são ofertadas 10 vagas suplementares.

Participam deste Vestibular 8 universidades, sendo que a cada ano se intercala a universidade organizadora. Na edição deste ano, a instituição de ensino responsável é a Unioeste.

Mantendo o modelo do ano passado, o vestibular será organizado da seguinte maneira: no primeiro dia de prova (24/11), os candidatos serão avaliados quanto a proficiência na Língua Portuguesa, por meio de uma prova oral. Já no segundo dia (25/11), será aplicada a prova de Redação e a prova objetiva com questões das disciplinas de Biologia, Física, Geografia, História, Matemática e Química, bem como Lingua Portugesa e Língua Estrangeira Moderna (Inglês ou Espanhol) ou Língua Indígena (Kaingang ou Guarani).

As inscrições por meio online continuam abertas no site da Unioeste até às 17h da próxima quinta-feira (03/10): https://www.unioeste.br/portal/vestibular/indigena.

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